POLÍTICA SOLIDÁRIA

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Rosalva Santos.


Falar de política geralmente nos conduz a várias interpretações, talvez porque muitas vezes esteja associada a partidos políticos, raramente evidenciada em prol do bem público, ou melhor o bem comum à todos. 

 Nos primórdios do tempo nas antigas civilizações a política era exercida pelos soberanos que exerciam seu poder em relação aos servos. Que sentido tem essa palavra política? De onde? Como interpretá-la? Como entendê-la? Por que nos contamina ou nos contagia? Nos alucina? nos fanatiza? A palavra política faz menção a coletividade ao bem comum. Para os gregos política ou politéia está relacionada a pólis (cidade-estado), para o bem comum a coletividade priorizando vida e sociedade. No entanto gregos e romanos não a viveram dessa forma. Na Grécia para Aristóteles a política era o mecanismo para garantir essa estabilidade social e por fim possibilitar a felicidade aos homens. De que felicidade para todos ou para alguns? Constatamos na Grécia e em Roma são guerras e conflitos impulsionados para a conquista ao poder, ou seja, essas formas de administrar estavam dissociadas do povo. 

 Assim percebemos que desde os primórdios do tempo a ideia de refazer melhorias para a vida dos cidadãos, sempre foi contraditória. Na idade média a política seguia dogmas e teorias, com o controle de impostos pela igreja e posteriormente o controle dos reis e burguesia. Portanto nos parece que a política sempre esteve associada aos privilégios de poucos. Ao poder dos governantes sobre os governados. 

 No renascimento a política predomina a reflexão crítica sobre o poder e o estado. Destaco o filósofo italiano Nicolau Maquiavel que no campo da política escreve sobre a autonomia política dissociada de moral, descrevendo suas experiências e observações, o que posteriormente chamamos de ciência política. Apesar de na época seu pensamento foi incompreendido em sua obra O príncipe. Maar (1994, P. 38) destaca que ´´o príncipe de Maquiavel não nem é bom, nem mau, ele é virtuoso quando executa com eficiência o seu papel político, quando desempenha eficazmente o poder do estado´´ ou seja, para Maquiavel os fins justificam os meios para prosperidade e bem comum da sociedade. 

Neste contexto a política é vista como tentativa de conquistar e reorganizar a desordem da época, não com a fragmentação do poder, mas algo que legitimaria a separação de moral dos indivíduos de moral, ou razão de estado, para o embasamento de uma sociedade mais sólida e estruturada. 

Do pensamento moderno ao contemporâneo vista como ciência, a política se confunde com poder. Nesta perspectiva política consiste num conjunto de relações entre os setores econômico, ideológico, social, histórico dentre outros. Organizar as riquezas e as forças produtivas, ideológica saber estruturar o consenso e a política, deveria fomentar o exercício concreto do poder em garantir o bem comum a todos os cidadãos. No entanto percebemos uma política desgastada, constrangedora, totalmente antagônica aos interesses coletivos, na maioria das vezes movida por interesses escusos e inescrupulosos, sem envolvimento sem priorizar as necessidades da população mais empobrecida. É notório a divergência em compatibilizar interesses ao espaço público como um todo. 

Dessa forma as influências partidárias ocorrem astuciosamente, distorcida com exaustivas manobras legitimando a desigualdade social. Renato Cortella ´´ O poder que ao invés de servir se serve, não serve´´. Dessa maneira a Política, deveria conduzir sua gestão administrativa para a máquina pública servindo ao povo. Para cooptar conflitos, interesses e benefícios não simplesmente assistencialismo mais providencias inerentes a sociedade. 

 Não podemos nos omitir da política, pois se faz necessário uma conscientização de nossas escolhas, afinal nem toda intencionalidade é compatível ao bem-estar da população. Não seria mesmo excludente se nós ao invés de descontentamento e xingamentos, não fossemos parciais, mas tivéssemos participação determinante como cidadão mais consciente e engajados. Há sei que é fácil falar... quando sabemos que a desigualdade é gritante no mundo e principalmente nos países subdesenvolvidos e pobres, com tanta fome, miséria e analfabetismo, como minimizar essas situações onde os interesses econômicos, sociais, políticos e ideológicos entre outros chega a ser desumano. Não compactuo desse cenário inconveniente, da mesquinharia, da soberba é preciso urgente uma transformação de nós indivíduos, que compatibilize a convivência social, em prol dos princípios éticos e morais que ressalta uma consciência política que apesar da complexidade de suas ações, estabelece uma relação baseada na tripartição dos poderes legislativo, executivo e judiciário. Seria utópico ou no sentido paradoxal, clamar por líderes políticos autênticos a necessidade de todos e não apenas pela ganância do poder, o poder do homem sobre o homem. 

Esse panorama histórico nos remete a refletir essa condição política que ao longo dos tempos sempre foi designada ao poder e a soberania de poucos e a subordinação e marginalização à margem da sociedade. Sejamos  relutantes, lutemos por consciência social, educação, cidadania, para incorporar a participação política em defesa dos direitos e deveres, mobilizando nossas ações para todos, para minimizar a desigualdade social. 

A participação política é a condução de nossa própria existência coletiva, deveria ser algo presente em nossas vidas. Estabelecendo direitos e deveres para conduzir nossas ações. 

Desculpe-me a ousadia de falar sobre política, já que não tenho conhecimento aprofundado do assunto. Porém percebo tudo entrelaçado sem conexão com leis ou constituição, penso que política seria a relação e correlação entre direitos e deveres, ética, moralidade  e cidadania. 

Por: Rosalva Santos - Educadora, Escritora, 
Empresária, Psicopedagoga, Psicologia 
Clínica em Análise Bioenergética.


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