A QUESTÃO POLÍTICA E A QUESTÃO CLIMÁTICA

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DRª Virginia Pignot.


Contra ou a favor da anistia

No Brasil, se vê uma acalorada disputa de discursos contra ou a favor da anistia para golpistas.

Uns defendem o perdão, que associam com reconciliação, reconstrução da convivência:“Quando há um racha profundo no tecido social, a anistia entra como uma costura necessária”, diz Zé da Flauta em artigo recente no jornal O Poder. 

Outros dizem ao contrário, que a impunidade no Brasil alimenta o golpismo, e a chaga de governos autoritários. Lembram que o golpe abortado do 08-01 se acompanhava do plano de assassinatos, inclusive do presidente eleito, e de instaurar um regime autoritário militar. Dizem que falar de perdão é fácil, mas que quando atacam seu filho, quando lhes quebram os ossos, você clama por justiça, por punição e reparação. E uma terceira via indica ainda a possibilidade que a justiça se faça em relação aos mentores, planejadores e financiadores do golpe, mas que seja mais amena com a dona de casa ou cabeleireira arrependidas, como já começa a acontecer.

Antônio Nóbrega contra a anistia 

Em vídeo do show do brincante pernambucano Antônio Nóbrega, temos canção pelo “sem Anistia”, que transcrevemos aqui:

“Sem anistia pra quem vive da mentira quem roubou e quem atira nos que ousam discordar

Quem fez piada com as mortes da pandemia e com quem vivo sofria sem governo pra ajudar

Sem anistia pra quem fugiu sem pudor patrocinou o horror e a Amazônia quis queimar

Quem é covarde fez sigilo fez censura clamou pela ditadura intervenção militar.

Sem anistia pra quem foi contra a vacina e com a mente assassina quis o brasileiro armar.

Quem pregou ódio medo raiva e preconceito e um governo livre eleito quis ligeiro derrubar.

Sem anistia para quem dia após dia feriu a democracia com a sanha de matar.

Não vai ter papo já engolimos muito sapo quem fez do Brasil farrapo tá na hora de pagar”.

Nikolas Ferreira pela anistia

Em vídeo no X, “Anistia, o que não te contaram”, o Deputado bolsonarista faz uma defesa da anistia. Ele cita pessoas do povo envolvidas e condenadas na tentativa de golpe do 8-01. Muitos foram condenados a penas de vários anos, outros já estão em liberdade. Entre as pessoas citadas duas teriam se envolvido no movimento por acaso, ou por necessidade: um homem sem domicílio fixo, que teria se aproximado do movimento para comer e dormir no acampamento, e um vendedor de bandeiras, “para pagar a pensão do seu filho”. Ele fala também da condenação da cabeleireira que escreveu com batom na estátua em frente do palácio. Com o avanço do trabalho da justiça, esta já voltou para casa. Neste vídeo, ele acusa a justiça de tratar com rigor bolsonaristas, e com condescendência “baderneiros” de movimentos sociais à esquerda. Quando petistas eram presos sem prova e sem crime pelo juiz ladrão da Lava Jato, digo eu, ninguém do grupo que agora pede anistia reclamava.

“O problema climático é transnacional, e nós não temos Organizações previstas para enfrentá-lo.” F. Haddad. Conclusão

O prestigioso Instituto de Ciências Políticas de Paris, convidou o ministro Fernando Haddad a participar de evento na ocasião dos dez anos da Conferência climática de Paris. Ele tratou do tema dos desafios de governar com crise climática; lembra que a crise climática conecta e agrava outras crises, econômicas, políticas. “A enchente devastadora no Rio Grande do Sul em 2024, por exemplo, drenou bilhões do orçamento público brasileiro, e contou com a solidariedade de 26 estados brasileiros. Mas se tivesse ocorrido em um país pequeno, sem recursos, quem os socorreria? Por isso nos propusemos no G20 a criação de um imposto Internacional que tocaria 3 mil famílias que têm 15 trilhões de recursos no mundo, para financiar um fundo Internacional de Recursos para fins de prevenção e enfrentamento das crises climáticas. Não falta dinheiro no mundo, mas ele tem sido usado com coisas que nos angustiam, com armas”, disse Haddad.

Duas ameaças rondam sobre as nossas cabeças: a volta de governos autoritários que não respeitam direitos e liberdade de opositores, e a emergência de crises climáticas destruidoras. Que gestos quotidianos adotar, que projeto político eleger pela preservação da natureza e da democracia?

Por: DRª Virginia Pignot - Cronista e Psiquiatra.
É Pedopsiquiatra em Toulouse, França.
Se apaixonou por política e pelo jornalismo nos últimos anos. 
Natural de Surubim-PE


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