ADEUS A MARCOS VINÍCIOS VILAÇA, O INTELECTUAL DO AGRESTE QUE CONQUISTOU O MUNDO

0 Comments


Toda morte é difícil de noticiar. Está de Marcos Vinícios Vilaça é dolorosa, mesmo sabendo que, como diz a sabedoria popular, “descansou”. Tinha com ele uma ligação de gerações. Os pais de Marcos, foram, durante décadas, os melhores amigos dos meus. Frequentavam-se assiduamente, na ponte automobilística Limoeiro/Surubim.  Viajavam juntos. Conheço, pois, Marcos de infância. Como uma espécie de irmão mais velho, já importante e distante. A vida se encarregou de nos aproximar, apesar de Marcos ter ficado cada vez mais importante. Escreveu livros fundamentais,  pioneiros,  como ‘Em torno da sociologia do caminhão’ e ‘Coronel, Coronéis’, este em parceria com Roberto Cavalcanti de Albuquerque.  Acabamos confrades na Academia Pernambucana de Letras, onde estivemos juntos algumas vezes. Meu coração sangrou por Marcos. 

Coisas que existem

Quem me conhece sabe que sou ateu. Entretanto, acredito em todas as forças da natureza. Existem energias objetivas, ainda não desvendadas pela ciência, que estão presentes na vida de todos. E que vão muito além da mera coincidência. Na semana do falecimento de Marcos, revisei meus livros já lidos, para doação a bibliotecas comunitárias, coisa que faço periodicamente, pois acho que livros devem ser compartilhados e não guardados.  Peguei em um exemplar antigo da primeira edição de ‘Em torno da sociologia do caminhão’, que já veio do meu pai.  Prosseguindo na arrumação de papéis, me deparei com várias correspondências de Marcos Vinícios Vilaça. Inclusive uma apreciação dele, então presidente da Academia Brasileira de Letras sobre o meu livro ‘ O Atestado da Donzela 2’, com um cartaozinho bem-humorado dizendo:”Publique se achar que vale’. Entre as coisas referentes a ele, me deparei com um artigo de Joaquim Falcão O artigo registra a falta que sua ausência (devido à doença) fazia na Academia Brasileira de Letras. Nele, uma frase de Fernando Lyra, outro grande amigo que já se foi: “Se Marcos Vilaça assumir a presidência do clube de dominó de Caruaru, logo será o clube mais importante do mundo”. 

Grandeza

Isso porque, reconhecia Fernando, Marcos Vinícios Vilaça era um grande em tudo. Transbordante de talento. Um Midas da administração pública e da cultura. Quando ocupava um cargo, rapidamente parecia que era realmente o mais importante do mundo. Assim, foi presidente da Academia Pernambucana de Letras com 29 anos, acho. Que provocou a frase provavelmente de Gilberto Freyre:”Tão jovem e tão presidente”. Durante sua gestão, a Academia Brasileira de Letras viveu sua segunda fase de ouro. Depois de Machado de Assis ninguém tinha sido tão presidente da casa.

Perfil 



 Advogado e jornalista, Marcos nasceu em Nazaré da Mata, Pernambuco em 1939. Viveu em Limoeiro, onde conheceu Maria do Carmo, a companheira da vida.  Se formou na Universidade Federal de Pernambuco. De Pernambuco para o Brasil.  Ocupou altos cargos na administração pública estadual e federal.  Marcos Vinicios Rodrigues Vilaça, que morreu no sábado 29/03, aos 85 anos, no Recife — foi eleito imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL) no dia 11 de abril de 1985, no lugar de outro pernambucano, o poeta Mauro Mota (1911-1984). Como dito, foi presidentíssimo da Casa. Marcos se encanta deixando uma lacuna muito difícil de preencher. Adeus amigo querido. O imortal agora é eterno.

Por: José Nivaldo Junior - Publicitário, Consultor e Seguidor de Voltaire. Diretor de O Poder. Da Academia Pernambucana de Letras.


You may also like

Nenhum comentário: