LONGEVIDADE

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José Vieira Passos Filho.


Estamos chegando perto de vivermos até os 100 anos. Mas, como enfrentar um corpo que não esperava essa longevidade, ao nascer? Vai aqui minha preocupação e um recado para meus parentes. Mas que pode ser extensivo à todas as famílias.

Nós, que nascemos nos anos 40, tínhamos uma expectativa de vida menor que 50 anos. Abismados, já passamos dos 70. Saudáveis. Desfrutando de uma aposentadoria razoável, frequentando os Shoppings, as praias, viajando para conhecer lugares nunca antes imaginados, desfrutando as benesses do século 21. Estamos ainda fazendo umas farrinhas...muitas vezes, exagerando... Os filhos perguntando: painho, seu pai morreu com quantos anos? Respondemos: com menos de 60, eu tinha 25, estava recém-casado. Para ironizar, ainda respondemos: ainda espero conhecer meus trinetos. E, por entre dentes dizemos: vocês ainda vão nos aguentar uns 30 anos (eu e a esposa). 

Até agora só falei o que veio de bom para os idosos. Ironizei, até um pouco. Nada, (ou muito pouco) do que disse acima a respeito dos filhos de hoje é 100% verdade. Falando sério, vou expressar minha preocupação com a longevidade da minha família, pois, tenho certeza, também deve estar acontecendo com a maioria das famílias de todo o mundo.

Meus avós faleceram longevos. Em seus últimos anos de vida, os filhos revezavam-se, cuidando deles. Faleceram na década de 1980. Os tempos eram outros.

Meus tios (meus pais já faleceram), já estão passando dos 90 anos. Nós (eu e meus primos e primas), que estamos com mais de 60 anos, vivemos numa nova era: século 21. Somos “ocupados” - ainda trabalhamos, viajamos, temos os filhos para visitar, os netos para curtir ou cuidar - porque os filhos, de 30/50 anos, estão trabalhando. Que fazer com os pais, já chegando aos 90 anos (e com disposição para viver um pouco mais)?

Meus avós tiveram 33 netos. Hoje, somos 30 primos em primeiro grau, a maioria casados. Se contarmos os parentes de segundo grau, que convivem no dia a dia no Bananal da Viçosa, somamos mais de 100 parentes. Quem vai cuidar de nós, daqui há uns 10/15 anos? Nossos filhos? Será pedir muito a eles! 

Ultimamente, procuro conscientizar os parentes de que vamos precisar criar um ambiente comunitário para os parentes idosos, quando estes necessitarem de cuidados especiais. A realidade é que vamos ter problemas de mobilidade (alguns já têm), de audição, do coração, de visão, pulmonar, demência, enfim, todas as doenças relacionadas a velhice. Se ficarmos juntos, com certeza, essas doenças demorarão mais a se manifestar (viver em comunidade, faz bem à saúde). Juntos, nossa cota financeira ficará mais suave. A menor condição financeira de um, será compensada com uma melhor situação de outro. E estaremos todos juntos, em nosso habitat: o Bananal.  

Um detalhe: nossa futura comunidade de idosos, poderá também abrigar amigos de longas datas. Vamos pensar nisso, primos e primas.

Por: José Vieira Passos Filho -  Pres. da Academia Alagoana de Cultura, Sócio Efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, Sócio Efetivo da Academia 
Maceioense de Letras, Sócio Honorário do SOBRAMES (AL), Sócio 
Efetivo da Comissão Alagoana de Folclore.


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2 comentários:

  1. ACHO LOVAVEL SUA ATITUDE E PREOCUPAÇÃO,COM PARENTES E AMIGOS,QUEM SABE SURGIRÁ UMA VERDADEIRA comunidade de anciãos,única em Alagoas,quiçá no Brasil.

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  2. PARABÉNS JOSÉ CELSO,QUE DEUS TE ABENÇOE.

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