ENGENHOS DE AÇÚCAR

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José Vieira Passos Filho.


A cana de açúcar tem sua origem na Ásia, Índia e Nova Guiné. Foi no norte de Índia que primeiro se produziu o açúcar. No século VIII os árabes levaram o açúcar da Ásia para o Mediterrâneo, Mesopotâmia, Egito, África do Norte e Andaluzia. Os espanhóis introduziram a cultura da cana de açúcar na América. Cristóvão Colombo levou mudas de cana para o Caribe.

No século XVI foram instalados os primeiros engenhos de açúcar no Brasil, que substituiu a indústria extrativa do pau-brasil, daí o açúcar passou a ser a base da economia do nordeste brasileiro onde, até o fim do século XIX, era empregado o trabalho escravo.

O desenvolvimento econômico de Alagoas, desde seus primeiros dias, está ligado a cana de açúcar. Cristóvão Lins, um nobre de linhagem europeia, após expulsar os índios Potiguaras de suas terras, implantou sete engenhos de açúcar em Porto Calvo. Os mais conhecidos foram o “Escurial”, o “Capyana” e o “Maranhão”. 

Em Viçosa, os primeiros engenhos foram o Bananal, Boa Sorte, Barro Branco, Brejo, Boa Hora, Bálsamo, Serra, Cassamba, Gereba, dentre outros. Em 1900, Viçosa chegou a ter 120 engenhos banguês. Os engenhos eram movidos a tração animal (bestas, burros, bois), a roda d’água ou a vapor. O combustível para aquecer as caldeiras era a lenha. Foram os engenhos de açúcar os grandes responsáveis pelo desaparecimento das matas da Viçosa. Os engenhos ficavam localizados próximos às várzeas, perto do canavial, para facilitar o transporte da cana. Mais adiante, tinha a senzala, uma olaria, o alambique. Mais distante, estavam edificadas a casa-grande e a igreja.

Chamava-se engenho banguê, por causa do transporte do bagaço da cana, num estrado, para as caldeiras.

O açúcar fabricado em Viçosa era o de forma, assim produzido: o caldo, extraído da cana de açúcar, era encaminhado para o primeiro vaso da base ou assentamento, denominado vaso morto; quando ficava quente, era transportado para outro vaso, chamado “caldeira”, onde era limpo. Esses resíduos, a “cachaça”, iam para os alambiques, para destilação. Onde não tinha alambique, essas sobras serviam para alimentação animal. Então, o caldo ia para outro vaso, o “caldeirote”, para receber cal ou cinza; era a “ajuda”, para a garapa ficar purificada; daí o mel ia para os “tachos de cozimento” até “dar o “ponto”. O caldo, depois de cozido (mel), era transportado para um tanque de cimento, onde era revirado por um rodo durante 55 a 70 minutos, até ficar endurecido e ser levado para as formas, para “partir”.  Dois ou três dias depois, o mel das formas, petrificado, era desarrolhado ou seja, furado. Estava pronto o “açúcar de fôrma”. Antes, o açúcar, era transportado em lombo de animais. Ia para Pilar ou Maceió. Para Pilar gastava-se, ida e volta, 4 dias. Para Maceió, eram 5 a 6 dias. O aparecimento das usinas de açúcar, na Viçosa, sepultaram os engenhos, devido a sua produtividade (década de 1940: Recanto, Boa Sorte e Boa Esperança).

Economicamente, foram os engenhos de açúcar quem impulsionaram a economia do Nordeste. Produto que era transportado para toda a Europa. Além do açúcar, uma das bases da economia nordestina era o mercado de escravos - considerados simplesmente.

Por: José Vieira Passos Filho - Pres. da Academia Alagoana de Cultura, Sócio Efetivo do Instituto 

Histórico e Geográfico de Alagoas, Sócio Efetivo da Academia 

Maceioense de Letras, Sócio Honorário do SOBRAMES (AL), 

Sócio Efetivo da Comissão Alagoana de Folclore.




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