ENCONTROS, REENCONTROS, DESENCONTROS

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Malude Maciel. 

Ultimamente, assim que saio de casa, fico procurando com o olhar, algum rosto conhecido, alguma pessoa do meu conhecimento e amizade, alguém que viveu comigo etapas da vida, colegas de colégio, de trabalho, parentes e amigos e outros de convívio em diversas situações. Isso porque temos o desejo de reencontrar criaturas que nos são caras e que estão, de uma forma ou de outra, distantes de nós. Os momentos de contato foram marcantes e memoráveis e a lembrança nos traz à mente recordações preciosas.

Entretanto, não está fácil rever nossos afetos com frequência como antes; cada um seguiu seu caminho e a distância predominou, infelizmente. Mesmo num shopping, em lugares públicos e mesmo nas ruas, só desconhecidos aparecem. Impressionante!

Apesar dos meios de comunicação que atualmente são fantásticos, dando margem para uma conversa até de forma visual, sentimos falta da presença, do abraço, do aperto de mão, do carinho e da constância.

A minha turma do Colégio Sagrado Coração em Caruaru, costumava fazer um encontro de quando em vez; era uma festa. Vinha gente que mora em outras cidades e estados e a emoção era tamanha, com fotos, relatos de vida, conversas e mais conversas que não queriam terminar. Tantas novidades! Quantas mudanças aconteceram! Um prazer enorme tomando conta de nossos corações e aquele sentimento de que valeu a pena. O presencial é fundamental. Porém estão ficando escassos esses reencontros da turma. Vem doenças, empecilhos de toda natureza e vamos ficando sem realizar nossos instantes felizes de outrora.

As dificuldades que envolvem o dia a dia das pessoas, por si só, já afastam os indivíduos, até os filhos dos pais, e demais parentes, porque as lutas cotidianas pela sobrevivência, os trabalhos de uns e outros deixam cansaço a ponto de quando chega um domingo ou feriado, não haver clima para visitas, coisa que está totalmente fora da moda e dos costumes. Antigamente, as visitas eram regulares. Os compadres e comadres visitavam uns aos outros constantemente. Os aniversários da parentela eram anotados nas cadernetas para ninguém faltar e, inclusive levar presentes. Quando chegava um vizinho novo, era de bom tom visitá-lo para as boas vindas. Hoje, mal se dá um bom dia no elevador. As crianças são proibidas de falar com estranhos. E onde está a socialização?

Quando solteira, na casa dos meus pais, todo mundo se conhecia ao redor da nossa residência; a gente saía cumprimentando cada um que encontrava. Também tomávamos conhecimento do que acontecia na vizinhança, por exemplo: fulana vai casar, sicrano está se formando, e etc. Sem ser considerado fofoca, mas sim, entrosamento com os demais. Se houvesse uma necessidade, podia-se contar com os amigos e vizinhos.

Esse distanciamento vem crescendo sem dó nem piedade, e nós, mais conservadores, estranhamos essa situação, uma mudança brusca no uso e costumes de uma sociedade que se isola, sufocando apegos entre seres humanos carentes de afetos e amor. Até as crianças sofrem com tais distâncias dos pais, avós e familiares. É uma lástima.

O mundo mudou rapidamente, mas os seres humanos continuam os mesmos, os corações permanecem da mesma forma.

O poder do encontro

“Ninguém se transforma sozinho; nós nos transformamos no encontro.”  (Roberto Crema)

Por: Malude Maciel - Jornalista, Escritora e Membro da ACACCIL 
Cadeira 15 – Profa. Sinhazinha.



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