Cada dia mais calado, mais retraído, certamente mais sozinho.  Infelizmente é assim. É isto que o mundo, as pessoas e até mesmo os nossos familiares nos reservam na velhice. Cada um nos seus afazeres diários esquecem daqueles que são menos visíveis e já não são mais tão úteis. Cabe a nós idosos não aceitar esta realidade. Não deixar morrer a força interior que existiu a vida inteira dentro de nós e que nos fez nos superar e nos reinventar todos os dias. Lembrar que a felicidade é algo que encontramos principalmente dentro da gente. Apesar da solidão,  do sofrimento, da limitação de nossas ações e movimentos, podemos sim tornar nossos dias plenos, laborosos e alegres. Com pequenos gestos, como abrir uma janela, encostar a cortina até o canto, deixar a luz do sol entrar em nossa casa, ouvir uma boa música, ligar para um amigo ou amiga com quem não falamos há muito tempo, fará de seu dia um dia diferente. Não podemos deixar que os dias sejam rotineiros. Somos capazes sim de fazê-los sempre diferentes. Não podemos aceitar a velhice como um castigo, nem tampouco nos entristecer com ela. Por outro lado não podemos aceitar o estereótipo que velho é para ser sempre ranzinza, chato e resmungão. A solidão, neste momento, pode ser nossa melhor amiga. Podemos aproveita-la para nos conhecer melhor, aprofundar nosso conhecimento sobre as outras coisas, dividir com ela as coisas que mais gostamos de fazer e que muitas vezes só conseguimos fazer sozinhos. Não termos medo da velhice, não termos medo da solidão, não termos medo do novo que chega a cada dia pode ser o caminho em busca de um prazeroso ocaso. Ah sim,   não esquecermos de uma palavra mágica: Aceitação. Parece o começo de tudo. Quando nos aceitamos, quando aceitamos as nossas limitações, quando aceitamos as condições que a vida nos oferece, tudo certamente ficará mais fácil. Não podemos abrir mão do único limão que nos oferecem e perdermos a chance de fazer uma deliciosa limonada. As coisas boas? Valorizar sempre. Não abrir mão dos velhos e bons amigos; daqueles familiares que  lhe são gratos; das pessoas queridas; de um bom papo, uma boa música, um bom vinho. Nunca abrir mão e nunca   desistir dessa experiência única, maravilhosa, mágica chamada vida. Que Deus nos abençoe e proteja a todos.

Luiz Francisco Soares - Funcionário Público aposentado, 

com formação em Administração, Ciências Contábeis e Direito.