FOLGUEDOS POPULARES

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José Vieira Passos Filho.


Os folguedos populares sempre estiveram presentes no cotidiano das famílias do antigo Engenho Bananal da Viçosa, desde os primórdios de sua fundação, que data da primeira metade do sec. XIX. A chegança, o fandango, as baianas, os quilombos, os presépios dramáticos, os pastoris, os caboclinhos e os reisados eram os autos populares que se apresentavam nas épocas natalinas na casa-grande do Engenho.  Os reisados tinham seus componentes trajados com roupas muito coloridas e os chapéus grandes com fitas e espelhinhos. Os componentes do reisado iam fazer a abertura da função em frente à igreja e depois se apresentavam na casa-grande em festa bastante concorrida pelos moradores do lugar.  Os reisados de antigamente eram constituídos somente por homens. O reisado moderno é o que chamamos hoje de guerreiro; possuem maior número de figurantes e agora com a presença de mulheres. Segundo o viçosense Théo Brandão: O auto dos guerreiros é um folguedo surgido em Alagoas, entre os anos de 1927 e 1929. É o resultado da fusão de Reisados Alagoanos e do antigo e desaparecido Auto do Caboclinhos, da Chegança e dos Pastoris.

Em Viçosa, na década de 1960, o Guerreiro de Boa-Sorte, organizado por Vivaldo Vilela, ensaiado e trajado em sua residência, na Boa Sorte, marcou época. Théo Brandão escreveu: Mas hoje, essa tradição de beleza e arte coreográfica dos velhos Reisados Viçosenses revive no Guerreiro da Boa-Sorte, que une a riqueza e o colorido dos trajes, ao virtuosismo coreográfico de suas bailarinas, e à harmonia de seus cantantes.”

Na década de 1970 o Bananal voltou a reviver seus dias de reisados com o folguedo comandado pelo hoje lendário Mestre Osório Tavares. O reisado do Mestre Osório passou a ser um folguedo popular tradicional do povoado. É de Osório (falecido em 2013, aos 90 anos), esse hino em louvou à Princesa das Matas: Ô Viçosa, do nosso Brasi, / Eu longe de ti, a saudade me mata. / É de prata, cidade mimosa, / Teu nome é Viçosa, Princesa das Matas. / Este ano, eu vou ensaiar, / Nos vamos cantar as pecinhas da vila. / Faça fila, meninas cuidado, / Que vai ser gravado, pra ir pra Brasília. 

O atual Reisado Mestre Osório do povoado Bananal, é uma homenagem que fazemos aquele que foi um ícone do folclore viçosense. Sua fama passou de pai para filho: hoje o mestre é Expedito Tavares, seu filho; a contramestre chama-se Maria Cícera, que é a organizadora. Tem ainda o mateus e o palhaço, destinados a animar a apresentação. As figurantes são cinco jovens em cada cordão com as roupas encarnado e verde. O Reisado dança ao som de uma viola tocada por Zé Bolinha, também filho de Osório. Nos entremeios (pequenas encenações dramáticas) das apresentações do reisado temos, dentre outras peças: a da Joana Baia (adornada com colares, brincos, anéis), que faz o papel de uma mulher desprezada pelo marido que a deixa com cinco filhos menores. 

O Reisado Mestre Osório também é apresentado na versão com crianças de 6 a 10 anos. Assim garantimos a continuidade das tradições do Bananal da Viçosa.

Por: José Vieira Passos Filho - Pres. da Academia Alagoana de 
Cultura, Sócio Efetivo do Instituto Histórico 
e Geográfico de Alagoas, Sócio Efetivo da Academia Maceioense de Letras, 
Sócio Honorário do SOBRAMES (AL), Sócio Efetivo da Comissão Alagoana 
de Folclore. Presidente da ALB de Alagoas.


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